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Plantar árvores, semear florestas

PLANT TREES, GROW FORESTS




FOTO: MIGUEL BARBOT


No final de 2018 a Mariamélia ocupou a oficina de bicicletas da Velo Culture, numa loja pop-up shop de Natal. Em parceria com a loja, convidamos algumas pessoas para virem falar dos seus negócios ou das suas causas. A primeira conversa, que repetimos no final da pop-up, foi com um amigo comum, conhecedor empírico da floresta nacional, e verdadeiro ativista ambiental, o Nuno Gomes Lopes.

Numa conversa descontraída entre cinco pessoas, o Nuno apresentou algumas das suas pesquisas e dados sobre a floresta em Portugal, e juntos, tentamos apontar respostas para o futuro.





A floresta




ESTATÍSTICAS
Nuno Gomes Lopes:
Tenho aqui algumas coisas que eu costumo repetir quando se começa a falar de floresta e de incêndios, não é que eu saiba muito mas, este é o tipo de conhecimento que toda a gente devia ter. É o país que temos e é bom sabermos o ponto de partida.

Portanto, [Portugal] é dos países do mundo, costuma-se dizer que tem “mais floresta privada”, mas o termo não é correto. É um dos países com mais propriedade rústica privada, que engloba florestas, mato, baldios, etc. A estrutura está dividida em 85% privado, 12% comunitário (são terrenos baldios, essencialmente), e 2% de área pública. (O que é público será 2 vírgula qualquer coisa… são aproximações). Portanto, quando se fala “Ai, o Estado não faz nada, é uma vergonha” ou quando se fala dos parques naturais: “Olha, fui ao Gerês e aquilo está tudo…” o Gerês é um espaço privado como é a maior parte do país. Se não há políticas públicas que obriguem os privados a fazer certas coisas, ou se os próprios privados não são levados a isso, o território fica como está… fica pior.

Aqui onde nós estamos, entre Douro o Minho — este foi um dado que apanhei num estudo, assim uma coisa meio avulsa — mas, basicamente, entre Douro e Minho é a área do mundo com mais ignições. Ignições é o início de um fogo, que pode dar origem a um incêndio. Este é o sítio no mundo onde existem mais ignições. Claro, que como a propriedade é muito fragmentada, existem muitas áreas urbanas, muitas autoestradas, nunca dá origem a grandes incêndios. Mas Portugal é um país com muitas, muitas ignições e nós estamos no sítio do mundo com mais ignições, aqui, entre Douro e Minho. Também já me deram este dado, acho que é um dado que tem algum sentido, que somos a zona da Europa com maior produção primária, isso é simples de explicar: estamos no eixo mediterrânico onde existem muitas horas de luz, e somos a zona da Europa com mais horas de luz, portanto, onde as plantas crescem mais por causa da luz, mas temos a influência atlântica, principalmente onde nós estamos, com níveis de humidade que não existem no Mediterrâneo. Produzimos, em termos de horas de luz, como o Mediterrâneo, mas temos muita água da influência atlântica, portanto as plantas crescem muito aqui. Esse é outro dado, também não muito falado.


FOTOS: INVASORAS.PT




O território 




COMPOSIÇÃO E ESTATÍSTICAS

Nuno:
Somos dos países mais florestados da Europa, estamos acima da média, mas somos ou o país ou dos países que tem mais matos, portanto, temos 38% de floresta, mas depois, há uma parte substancial do território que não é floresta nem é agricultura, são matos. Matos é o que há demais, não é floresta. Somos o país do mundo como mais área de eucalipto em termos percentuais em relação a área do território, e o quarto ou quinto país [do mundo] (não tenho a certeza disto) em termos totais. Portanto, a Austrália tem mais eucaliptos do que nós, a Índia, o Brasil, (a China não sei)… não há mais países com mais eucaliptos do que nós. Portanto, em Portugal não existem serviços florestais, existem umas coisas parecidas: os nossos [antigos] guardas florestais, essa carreira já não existe, eles foram englobados na GNR. Temos o SEPNA, que é um serviço da GNR, que não é guarda florestal, é uma coisa bem diferente de um guarda florestal.

Depois temos outros fatores que caem em cima de nós com muita força que são as alterações climáticas, que toca a todos… As alterações climáticas podem ser excesso de água como falta de água, como estes tufões que vêm por aí fora. São várias coisas ao mesmo tempo, dependendo da zona do globo onde se está. Temos uma propriedade, principalmente a norte do Tejo, muito fragmentada, menos de um hectare, em média. Há mais propriedades do que proprietários — a norte do Tejo de certeza. Isso não ajuda. Não quer dizer que as propriedades para dar dinheiro tenham de ser grandes, mas se são pequeninas e os proprietários já não estão lá (que é a maior parte dos casos) porque não investem nelas, não dá para o país funcionar assim, com sentido.

Para além do abandono rural, que é uma coisa que se repete muito, isso acontece pelo mundo fora, as pessoas vivem cada vez mais nas cidades. O abandono rural é o abandono dos usos rurais que existiam, de cortar o mato para os animais, de ter um monte comunitário de gestão comum e de usufruto comum, essas coisas foram desaparecendo todas, para chegarmos a este estado de coisas. Passamos de um país agrícola para um país florestal, mas nunca ganhamos essa cultura florestal, como tem a Alemanha, como têm os países nórdicos ou a França. Eles têm uma cultura florestal que lhes permite manter a floresta e explorar a floresta sem que isso seja assim uma coisa muito… têm políticas públicas com mais sentido e em termos florestais as coisas funcionam.

Outra coisa importante, é que não temos o cadastro da propriedade a norte do Tejo, costuma-se dizer que só metade do país tem o cadastro da propriedade. Eu não sei em termos urbanos, não trabalhei muito como arquiteto, mas eu ia ao notário e perguntava: “O número 13 da rua tal?” “Ah, não sabemos quem é o dono.” Ia perguntando até chegar a uma casa: “Ah, esse sabemos quem é o dono, está aqui o registo.” Não sei se isso é por todo o lado assim, mas em termos florestais é o que acontece. Se forem à Câmara ou às Finanças para saber quem são os donos dos terrenos, não se sabe porque os mapas não estão feitos, na maior parte do norte de Portugal. A última coisa: eu acho que um país são as pessoas e o território, e acho que, desde que tivemos o 25 de Abril, acautelou-se a vida das pessoas, melhorou se as condições de vida, em todos os aspetos [mas] o território regrediu, só piorou. Portanto, temos metade dessa função, do que é um país, esquecida.




ACÁCIAS



Incêndios




OS VÁRIOS FATORES

Alexandra:
E porquê que é a zona com mais ignições? Porque há mais matéria [combustível]?

Nuno:
Existem as queimadas, as queimadas é um factor, o primeiro. Existe criminalidade, pessoas que pegam fogo por várias razões.

Alexandra:
Será mais isso, não?

Nuno:
Não, isso está muito estudado, é um dos muitos factores. Conheço uma pessoa que pegou fogo a um pinhal que tinha acabado de vender, porque achou que tinha vendido por pouco. Mas ela é que fez a negociação, mas depois chegou à hora e disse: “Não, isto foi mal negociado” e pegou fogo àquilo. Por acaso não tinha muito talento, e a GNR apanhou-a num instante, então dormiu uma noite no calabouço. Essas coisas são múltiplas, há pessoas com problemas mentais, há inveja, há aquelas questões por resolver dentro das aldeias… isso é só a criminalidade, já não estou sequer a falar das máfias dos incêndios. Há muita gente que só fala da máfia do incêndio, mas os fatores são tantos e o território é tão propenso aos incêndios…

Portanto, a questão da produtividade primária quer dizer que, para além de teres uma parte boa do território com matos — o mato, em termos ambientais e de biodiversidade, é uma coisa interessante, mas é muito combustível, por exemplo, um giestal, com 4 metros de altura, é impossível gerir em termos de incêndio. E há outra coisa que eu não falei, que tem que ver com o eucalipto, o eucalipto tem pano para mangas para falar, mas o eucalipto está instalado em Portugal porque funciona em regime de abandono, tu tens uma percentagem de eucaliptal que, ou é das “celuloses” ou é gerido pelas “celuloses”: têm corpos de bombeiros próprios, trabalham o solo, fazem as podas, fazem os cortes e depois escolhem a rebentação… A maior parte, mais de 600 mil hectares — acho que é qualquer coisa assim — o eucaliptal já está a chegar aos 900 mil hectares, pelo menos 600 mil são eucaliptais não geridos, em que as árvores têm mais de 12 anos… Sabem como é que funciona o eucalipto, em termos de exploração? É um regime de talhadia, planta-se o eucalipto, faz-se a mobilização do solo, e num espaço de 9 a 12 anos, corta-se o eucalipto, isso é a primeira vez. Depois, como qualquer planta, rebenta, com três varas ou o que for, a fase seguinte é chegar lá e cortar as varas para ficar só uma, para dar uma árvore boa. Então, passados outra vez 9 a 12 anos, corta-se outra vez, e aquilo rebenta e tem de se cortar a rebentação outra vez, só ao terceiro corte, é que normalmente se abandona. E, ou se arranca as touças e se planta outra vez eucalipto, ou deixa-se ficar porque a partir desse terceiro corte já perde tanta produtividade que já não vale muito a pena. E o que acontece é que tens… quando virem um Eucaliptal cheio de rebentos, é porque não está gerido, ou quando vêm um eucaliptal em que as árvores tem 15 anos, está abandonado.



EUCALIPTAL



Eucaliptal




CARCATERÍSTICAS

Alexandra:
Ou um que ardeu, e que agora está a rebentar.

Nuno:
Exatamente, abandonado. É eucaliptal e está abandonado. Não sei porquê que comecei a falar dos eucaliptos mas… portanto, a [indústria da] celulose, quando se instalou em Portugal, foi nos anos 70, anos 80, foi uma das imposições do FMI, que esteve cá no fim dos anos 70, início dos anos 80, era que Portugal se tornasse uma potência do papel de qualidade, e a estratégia foi plantar eucaliptos, porque o eucalipto português, como o pessoal costuma dizer, foi uma grande inovação, porque nós conseguimos tornar o eucalipto uma árvore boa para o papel, e tenho de facto uma fibra muito comprida.

O eucalipto está cá… a primeira plantação foi no Douro, mas assim uma coisa experimental, em 1790, a primeira, de todas. Depois, no século XVIII há sim algumas plantações, é uma coisa muito recente, sim. E então, a [indústria da] celulose instalouse, [a indústria da] celulose como passamos a ter. Quando dizem que o eucalipto dá muito dinheiro, eu acho que dá muito dinheiro no início. De facto, eles instalaram-se, iam buscar o eucalipto e pagavam um valor justo… A partir do momento em que o país passou a ser um país de eucaliptos eles puderam passar a escolher. Eu tenho um amigo em Viana que diz que lá pagam 20 euros por metro cúbico, acho que é metro cúbico, e nos fóruns ninguém acredita: “Ah, isso não é possível isso é muito pouco”. E é o que ele diz que oferecem lá, o valor está a baixar tanto, porque se tu tiveres um eucaliptal e estás a contar ganhar 50 euros por metro cúbico, imagina, um valor maluco, “Nós damos-te 20”, tu vais aceitar porque é o que tens, não é? Então a celulose está a apostar nisso, sempre, assim dividem para reinar. Então, essa história de não gerir, é porque rende cada vez menos dinheiro, e cada vez mais o produtor diz que “Daqui a dez anos alguém que venha cortar, eu não quero lá ir. Para ganhar 20 euros por metro cúbico, não vou.” E, para ter bom rendimento, para ter bons eucaliptos, é preciso gerir, que é o que a indústria faz. E de facto, tirou muito rendimento dos terrenos que eles gerem. O resto do território não é gerido, os eucaliptos são assim fininhos, não dá muito dinheiro… Não é por causa dos eucaliptos que nós temos incêndios, é a cultura do abandono do eucalipto que faz parte desta história dos incêndios. [São] 600 mil hectares não geridos, e depois entram as invasoras, os pinhais que também estão a perder… nós éramos um país que tinha muitos pinhais, e no sul tinha montados de sobreiro e azinheira, e era o país em termos simplificados e entretanto o eucalipto começou a subir e o Pinhal começou a descer. Os próprios pinhais também já não são geridos, por isso, os que existem já não estão tão lindos, tão arranjados… Nós estamos a falar de floresta de produção, aí é que entra o conceito da limpeza, dizer que a floresta não está limpa. A floresta é um ambiente, que nem está limpo nem está sujo, mas se é para produzir podemos dizer: “Não, está aqui muita matéria orgânica”, mas um Carvalhal, não está limpo nem está sujo, está como está, faz parte, está tudo integrado. Às vezes usamos esses conceitos de limpeza, que são conceitos da ménage, de limpar a casa, não é um conceito florestal a limpeza, em termos de floresta de conservação.


EUCALIPTO 



Deseucaliptar




COMO ELIMINAR ESPÉCIES INVASORAS

Miguel:
Como é que deseucaliptas o Eucaliptal? Se o quiseres fazer?

Nuno:
Isso é uma boa pergunta, porque, com esta ânsia depois dos incêndios, houve aquelas aldeias em que iam cortar eucaliptos e iam plantar sombreiros para fazer uma faixa de proteção, e começaram com esta ideia de arrancar as toiças, que é basicamente quando cortas o eucalipto o que fica lá é a toiça, e ela vai rebentado e as pessoas pensam que a única hipótese é arrancar, mas arrancar é com uma máquina grande, que desfaz o terreno toda à volta, tens ali um pedação de solo que fica todo desfeito, tens ali uma comunidade de fungos e outras plantas que se está a instalar e de repente fazes um buraco ali no meio, para além de ser caro é muito danoso para o solo, então a ideia é tentar fazer uma coisa mais equilibrada. Podes matar uma árvore com um herbicida injetado, uma injeção de fitocida que muitas vezes só fica dentro das raízes, tu cortas a árvore injetas aquilo e corre dentro do sistema da árvore e fica ali contido, ou então vais cortando a rebentação com uma catana… Agora, arrancar eucaliptos é uma coisa muito danosa. Isso é o básico da pergunta, isso era o que eu queria [dizer]…

Miguel:
Sim, sim.

Nuno:
Porque depois tens de de plantar as árvores ou de esperar que haja regeneração.

Miguel:
Quando injetas o [herbicida], quanto tempo é que demora aquilo a [funcionar]?

Nuno:
O João sabe…

João:
Não sei, nunca fiz, eu não mato árvores (risos), tento que elas não morram.

Nuno:
Ok, ok. Usa-se para as [espécies] invasoras muitas das vezes. Às vezes faz-se, numa acácia, com a catana dá-se um golpes e depois pincelas isso com o herbicida, muito diluído. E aquilo entra dentro do sistema vascular da árvore que acaba por a matar.

Miguel:
Um eucaliptal com uma certa densidade, a partir de que momento é que está pronto a receber outras espécies?

Nuno:
Nas [plantações das] 100 mil árvores, por vezes, não se cortam os eucaliptos todos, deixam-se ficar alguns para… mas tens de abrir espaço para teres as outras…

Alexandra:
Pois, porque ficam os troncos, como é que tens espaço para [plantar]?

Nuno:
Ah, mas é que não tens troncos
desse tamanho enconstados uns aos outros. Normalmente, tens uma arvores grande, e à volta [outras mais pequenas].

Alexandra:
Mas e as raízes?

Nuno:
As raízes estão no solo, elas vão apodrecer. Houve aí uma experiencia em Santa Justa, em que fizeram-se furos no cepo, fez-se furo e micorrizou-se com um cogumelo saprófitas, que “come” a madeira. Não sei como é que [a investigação] está, mas pode ser uma maneira de os shitakes, usa-se muito os troncos de carvalho, mas também se usa o eucalipto. Podes pôr uma produção de shitakes numa transição de um eucaliptal para um carvalhal. e depois tens os carvalhos para te dar madeira para os shitakes.

João:
Ou seja, vamos ter eucaliptos na nossa paisagem para sempre. Não há hipótese…

Nuno:
Eu acho que… são árvores bonitas.

João:
Mas não é assim.



EUCALIPTAL



Eucaliptos abandonados




REGIME DE ABANDONO DA FLORESTA

Nuno:
Assim não. Eu acho é que o país não funciona com este regime de abandono que é a conclusão que as pessoas vão chegando, independentemnte de ser com eucaliptos ou com paulónias, ou com pinhal intensivo. Acho que não funcionam as coisas desta maneira. É que juntou-se tudo ao mesmo tempo, é a tempestade perfeita: as alterações climáticas, o abandono do território, a expansão do eucalipto… Tens estes verões que continuam até Outubro… ou que começam tarde. Eu gostava de ver um país sem eucaliptos, eu gosto de ver um eucalipto num [jardim] botânico, mas não sei porque que o nosso país tem de ter eucaliptos se já se provou que não há uma cultura que tenha [futuro]. Porque quando tu trabalhas com outro tipo de floresta, a floresta autoregenera-se e ela é benéfica, a existência da floresta é benéfica. O eucaliptal não é uma floresta, é tipo uma horta, uma floresta não é uma coisa que se corta de 12 em 12 anos.

Alexandra:
Nem é só uma espécie.

Nuno:
Exatamente. Portanto chamar floresta a um eucaliptal é um termo um bocado confuso, uma área de produção de madeira. Não é uma floresta, os níveis de biodiversidade num eucaliptal são muito baixos, porque, para além da planta ser exótica, ela é alelopática, tem que ver com os óleos essenciais da planta, é uma reação que muitas plantas têm nos climas mais agrestes, [como] sei lá, as aromáticas, algumas têm essa capacidade alelopática que expulsa as outras, às vezes as da própria espécie. Por exemplo, tens um sítio com rosmaninho, e em vez de teres aquilo cheio de rosmaninho, está um aqui, outro aqui, outro aqui, porque eles, pelas raízes, afastam-se uns aos outros e não deixam que cresçam todos para que os quatro que ficam lá sobrevivam. O eucalipto não sei será o mesmo processo, mas tem essa capcaidade de expulsar os outros [exemplares] todos, para ficar isolado. Para além de não alimentar muita da nossa fauna, [os animais] também não querem ir para lá porque o ambiente é agressivo: os óleos estão no ar. Mas por exemplo, o eucaliptal é muito bom para o mel. Não sei se o mel é bom mas produz muito, dá para muita produção.

Miguel:
Mas o mel não é grande coisa.

Nuno:
Nunca provei… Mas, lá está, se tu não tiveres eucalipto e tiveres outras coisas, tens outras plantas melíferas substitutas espetaculares, portanto, também não é por causa do mel que vamos à pobreza…

João: 
Aliás, já havia mel em Portugal antes de haver eucaliptos.

Nuno:
Houve uma movimentação pela Floresta Nativa, recentemente, e [escreveram-se] algum artigos e a indústria, com grande força e com muito dinheiro tentou marcar a sua posição, de vez em quando fazem isso. Não sei se viram um artigo sobre isso, eu li no Expresso mas também saiu no Público. Então puseram a fotografia do eucalipto, a ocupar a página toda e depois duas páginas de texto e depois uma lista dos subscritores. Era contra a “descriminação do eucalipto”, assim uma história qualquer. Além disso, [a imagem] é [de] um eucalipto que está num jardim, tem relva por baixo, é um eucalipto antigo, não tem problema nenhum. Não escolheram uma fotografia da Serra da Freita ou Águeda, onde só vês eucaliptos [abandonados].

Eu agora tenho ido para S. Pedro do Sul e realmente, aquele vale de Lafões é muito bonito, parece o Minho. e são vales com pinheiros, carvalhos e medronheiros. As pessoa que moram ali ninguém fala de incêndios, de alguma maneira, não sei qual é a razão, mas aquilo está com algum equilíbrio. O pinheiro está com um problema e eles agora querem plantar eucaliptos, quase nem se vê eucaliptos na paisagem. Mas entre Albegaria, quando se sai na A1 e se entra na A25, entre Albergaria e antes de sair para Vouzela é assim um mar de eucaliptos contínuo…

Miguel:
Pinhal interior Norte.

Nuno:
Já não é pinhal! (risos)

Miguel:
Eucaliptal interior Norte. (risos)

Nuno:
Basta ires a uma zona fortemente eucaliptizada que tu percebes que qualquer argumento que possas ler é [rebatível]… a própria questão do lucro, se fores a ver é o lucro de alguns accionista da celulose. ●






Agradecemos ao Miguel Barbot, da Velo Culture, pelas fotografias deste evento e pela disponibilização do áudio desta conversa.





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