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O vime do Minho




31 AGOSTO 2020
O vime: uma fibra natural da família das Salicáceas que cresce geralmente junto a cursos de água e cujas plantas conhecemos geralmente por vimeiro ou salgueiro. Em Portugal, a produção de vime para cestaria mal cobre as necessidades dos poucos artesãos que ainda se dedicam a trabalhar com este material natural. A explicação é simples: é demasiado despendioso cultivá-lo. “Tem de ser limpo pelo menos uma vez por semana, e muito regado.” É preciso: “Fazer as plantações, plastificar o chão todo no terreno para meter as estacas e não virem as ervas daninhas porque se não as ervas às tantas comem o vime.” Quem me descreve este cenário é Abílio Pereira, cesteiro de Barcelos que cultiva o seu próprio vime, perto da casa onde trabalha juntamente com o seu filho.

Apesar do investimento que fez para plantar o vime, o sr. Abílio diz-me que “tem lá vime tão bom como o que estava a vir do Chile. Mas tem-me dado muito trabalho.” E conclui que “muita gente, mesmo com condições, não produzem porque sai caro.”

Desde de que comecei a colaborar com um casal de cesteiros da zona de Barcelos, ainda no final de 2017, a queixa que ouvia mais frequentemente era que não havia vime. Principalmente o vime branco, que é o vime crú. Principalmente na segunda parte do ano, a partir de Agosto, que é quando começa a escassear este material que é somente colhido no Inverno, a partir de Dezembro. Muitas vezes só em Janeiro tinha encomendas finalizadas porque havia finalmente novo vime para trabalhar. Muitos cesteiros deixaram de comprar vime importado do Chile por ser muito caro, preferindo procurar nos poucos produtores que há na região, muitos deles cesteiros como o sr. Abílio.

Se por um lado, o cultivo de vimeiros existente na região não é suficiente para alimentar as necessidades dos artesãos, a cestaria que existe nesta região também não é suficiente para justificar a produção de um cultivo sistemático de vimeiros, porque como nos contam, a sua produção simplesmente “não compensa”.

Entretanto, a cestaria minhota fica refém de si mesma: dependente de um material escasso, e muitas vezes insuficiente, e de encomendas de grandes clientes que encomendam centenas de artigos de cada vez. Qualquer hipótese de reformular a cestaria numa atividade com valor cultural, explorando um valor de uso e artístico, é varrida pela necessidade dos seus artesãos de subsistirem de um ofício que exige quantidade e celeridade em vez do absoluto oposto.

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