Manufaturing in Portugal: local handmade homeware to last





Derradeiro Guia de Natal do Porto 

CHRISTMAS SHOPPING GUIDE: PORTO





Apelar ao consumo nesta altura do ano pode parecer contraditório quando se defende um consumo mais consciente e regrado. Não nos iludamos com ideias hiper-minimalistas às quais a maioria de nós não vai aderir num futuro próximo: se alguns já estão prontos para abraçar a ideia de ter e comprar menos, a maioria das pessoas só quer comprar melhor. Mas comprar melhor não pode ser apenas comprar produtos que nos deixem de consciência tranquila porque nos prometem um conteúdo “sustentável”. A transparência raramente mora naquilo que vive essencialmente de marketing.





Natal no Porto




O LUGAR DO COMÉRCIO TRADICIONAL 
Inspirada pela saudade de calcorrear a minha cidade nos dias mais frios, em busca dos melhores presentes e dos ingredientes essenciais à consoada, e na sensação de conforto que esses percursos me davam — e da nostalgia de o fazer numa cidade pré-gentrificada — nasceu a ideia de partilhar uma sugestão de percurso natalício, alternativo ao frenesim ansioso dos centros comerciais nesta altura do ano. Este guia sugere um percurso curto pela baixa do Porto, com uma dúzia de sugestões de lojas de comércio tradicional, antigas ou mais recentes, e onde tenho a experiência de comprar e de sair feliz à saída.

Acrescento mais algumas sugestões de mercados de natal com marcas pequenas, tal como a Mariamélia, onde tantos criativos conseguem um contacto direto com o público antes de darem passos maiores. Apoiar estes criativos com negócio de micro-escala é um apoio fundamental a todas as dinâmicas de sustentabilidade: deixar valor dentro da comunidade local, com pessoas que por sua vez farão escolhas de consumo conscientes, e alimentarão um ciclo de valor centrado na comunidade e nos pequenos negócios, à revelia dos grandes grupos económicos (qualquer rede de super ou hipermercados, marcas franchisadas e centros comerciais de grande escala).

E não é verdade que não é possível escapar às lógicas de consumo detidas por estes grandes grupos: alterando alguns padrões de consumo e o ritmo a que consumimos, fazendo dele algo sempre politizado e consciente, é possível, gradualmente encontrar alternativas e ser mais independente de um sistema económico que nos puxa constantemente para dentro de si.



CASA JANUÁRIO



O derradeiro roteiro 



DA BAIXA ATÉ S. BENTO 
Acabados de descer do metro na estação da Trindade, seguimos para a Rua Formosa pela Rua do Bonjardim, onde vamos encontrar a Casa Januário, mesmo na esquina das duas ruas: uma loja cheia de ingredientes essenciais às/aos pasteleiras/os e doceiras/os mais dedicados.

Seguindo a mesma Rua Formosa, para a esquerda, encontramos mais à frente umas das poucas lojas da cidade dedicadas ao cultivo de plantas e hortícolas, com um grande acervo de sementes, a Casa César Santos

Uns metro à frente fica talvez a confeitaria mais bonita da cidade: a Confeitaria Costa Moreira, com uma montra ainda ao estilo dos anos 60, e com caixas de bonbons e de marmelada na montra.



CASA CÉSAR SANTOS / CONFEITARIA COSTA MOREIRA



Ainda na senda da comida, visita obrigatória à Casa Chinesa, virando à esquerda para a Rua de Sá da Bandeira. Não será uma das mais bonitas mas certamente a mais bem apetrechada de tudo o que faz realmente falta nesta época do ano: todos os frutos e as frutas secas que se possam desejar, vendidos a granel, em bonitos pacotinhos de papel bege. Na montra: broas e pães regionais, queijos da serra e o fiel amigo, às postas. Não vos aconselho deixarem as compras aqui para os últimos dias: a fila vai para lá da porta, dado o tempo de atendimento ser personalizado consoante a variedade do que se quiser levar daqui.



CASA CHINESA


Já carregados com nozes e figos secos, meia-dúzia de pinhões e algum açúcar mascavado a granel para adoçar o natal, descemos esta rua em direção à Avenida dos Aliados, virando à direita na Praça D. João I, junto ao Teatro Rivoli. Continuamos junto ao edifício do teatro até à Avenida e atravessamos para o outro lado, junto ao famoso Café Guarany, descendo em direção à Praça da Liberdade. Ao fundo fica a Confeitaria Ateneia, com interiores ao estilo art-déco a não perder: gerida pelo grupo da Chocolataria Arcádia, podem-se comprar-se aí as iguarias que são fabricadas, em parte, na fábrica que fica praticamente nas traseiras, no começo da Rua do Almada, com os seus bombons em forma de malmequer e mais umas dezenas de feitios e sabores.



PAPELARIA MODELO



Atravessamos a Rua dos Clérigos mesmo aí, até ao Largo dos Lóios, onde vamos conhecer provavelmente a papelaria em funcionamento mais antiga da cidade, a Papelaria Modelo. Aqui compro o papel de embrulho que tenho usado nos últimos anos: o papel pardo. Um papel grosseiro, castanho escuro, reciclado, que tem uma estrutura perfeita até para quem se embrulha todo com embrulhos. Além de bonito, o facto de ser muito resistente permite não usar fita-cola nenhuma, apenas um bom fio do norte ou de algodão a atar tudo, o que foi claramente inspirado nos comerciantes do Porto que fazem os melhores embrulhos com papel e cordel.



CHOCOLATARIA EQUADOR



Se ainda não tivermos todo o chocolate de que precisamos, impõe-se uma visita à mais sofisticada chocolataria da cidade, a Chocolataria Equador, que conta com três lojas na baixa. A mais pequena e aconchegante fica mesmo ali, ao descer o Largo em direção à Rua das Flores, à esquerda. O chocolate é de alta qualidade, fabricado em Portugal, e as embalagens parecem tecidos com os padrões mais bonitos.

Daí poderão descer a Rua da Flores ou a Rua Mouzinho da Silveira até à zona do Infante para espreitar o rio na Ribeira, ou subir de novo até aos Clérigos, talvez pelas ruelas mais escuras, como a Rua de Trás ou a Rua dos Caldeireiros, onde ainda vivem pessoas e a vida não parece ser a de uma cidade em pleno boom turístico.

O espírito de Natal pode estar em qualquer canto da cidade, só é preciso estar atento a tudo o que ainda sobrevive (e resiste) às lógicas mercantilistas contemporâneas. ●





Ainda a não perder esta semana:

MERCADOS DE NATAL E LOJAS TEMPORÁRIAS

Temporada de Natal  20 e 21 de dezembro
Mercado de Natal de Miguel Bombarda  21 de dezembro
Hello Bonfim  até 31 de dezembro





COMÉRCIO TRADICIONAL
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